quarta-feira, 29 de outubro de 2014

TRAILERS: The Conjuring (James Wan, 2013)

Agora que Annabelle está nos cinemas, tempo de recordar um dos grandes filmes de terror dos últimos anos, no qual já se fazia alusão à boneca demoníaca, mas que conta a história de uma assombração na casa duma família comum. Investigadores do paranormal, o casal Warren, entram em cena e, para resolver o caso, têm de recorrer a medidas extremas. As viagens à cave são autênticas montanhas-russas.

sábado, 25 de outubro de 2014

Diary Of A Mad Housewife (Frank Perry, 1970)

Diary Of A Mad Housewife é produto do seu tempo, uma altura em que o dilema entre resignar-se à vida de dona de casa da classe média-alta ou impor uma atitude activa face ao trabalho e de partilha de responsabilidades era vincado, especialmente para um casal de novos-ricos que se tentava inserir em determinados círculos, sentindo por isso uma necessidade redobrada de ser conservador para ser aceite, ao invés de aderir a modernices como a emancipação das mulheres. Para os Balser, tudo isto é areia a mais para a sua camioneta.

Jonathan (Richard Benjamin) transforma-se (isto se quisermos acreditar que não o era, apesar de o filme não dar espaço para optimismos) num pretensioso irritante, daqueles que passa a vida a berrar pela esposa em casa e que a abandona em festas só para dar duas de treta com um famoso qualquer ou para lamber as botas a alguém com mais dinheiro do que ele. Tina (Carrie Snodgress) deixa-se arrastar para um marasmo do qual não tem coragem de abdicar, por ser minimamente confortável, não estabelecendo limites com o marido nem sequer com as filhas, a quem está a dever uns tabefes nas trombas, em vez de as encher de comida e roupas pirosas. Assim, faz o que sensatamente se deve fazer na sua condição: comer, calar e… trair? Uma relação extra-conjugal tem o efeito de despertar em Tina uma réstia de adrenalina, mas não de amor-próprio ou confiança, não fosse a intenção do escritor George (o primeiro papel de Frank Langella) única e simplesmente o sexo, como realça repetidamente, quando ela está é primariamente carenciada a nível afectivo.

Em Diary Of A Mad Housewife não há refúgios; a casa é um inferno, os eventos a que os Balser vão roçam a tortura e mesmo a pequena hipótese que Tina tem para saborear algum prazer, e pela qual corre riscos, se revela uma fonte de humilhação. Apesar de ser um filme muito à anos 70, afinal temos um concerto de Alice Cooper que acaba numa luta de almofadas, não deixa de ser bastante sofisticado. A frieza e o cinismo que rodeiam a Mrs. Balser são difíceis de engolir mas, com dois momentos finais anti-climáticos, ninguém nos pede para desculpar ou compreender quem quer que seja. No fundo, que pode ser mais deprimente que a indiferença?

7/10

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Europa Europa (Agnieszka Holland, 1990)

No que toca a histórias de sobrevivência durante a Segunda Guerra Mundial esta não estará ao mesmo nível dos monumentais Come And See e The Pianist, mas é, sem dúvida, das mais peculiares... com o aliciante de ser verídica. Sobre um rapaz judeu que sonha ser actor e, graças a uma incrível sucessão de eventos, passa por um orfanato soviético e por um internato da juventude hitleriana. Tem esta banda sonora absolutamente genial.

sábado, 18 de outubro de 2014

Disconnect (Henry Alex Rubin, 2012)

Apesar da infinita quantidade de informação, histórias e audiovisual adicionados à internet diariamente, fazer um filme sobre este meio tem-se revelado mais difícil do que seria de antever. Ou serve de pano de fundo para thrillers banais (Untraceable), para comédias românticas sobre troca de emails e mensagens que uns anos antes teriam sido enviadas por correio (You’ve Got Mail) ou para ficção científica demasiado metafísica (Matrix); raramente se encontram personagens com conflitos verossímeis e que apenas existem porque as novas tecnologias têm as suas vantagens e desvantagens, e estão presentes nas nossas vidas de formas mais intrusivas e condicionantes do que às vezes pensamos. Disconnect é, apropriadamente, um mosaico, tal como as janelas no ecrã dum computador, abertas para paisagens diferentes de zeros e uns. Várias famílias são reunidas pelas circunstâncias do mundo moderno, em que tudo aparenta estar mais próximo, acessível e disponível, se descontarmos a maior distância emocional. Os Boyd negligenciam a educação dos filhos, presos à necessidade de manter o estatuto social através do trabalho e das aparências, ignorando o talento artístico de Ben, adolescente solitário que é manipulado por dois colegas com um perfil de Facebook feminino falso a tirar uma foto nú, que rapidamente se espalha pela escola, tornando-o alvo de chacota. Os Hull vêem o seu dinheiro usurpado sabe-se lá por quem, via informática, como se já não tivessem mais em que pensar depois da morte do seu bebé. Harvey oferece lar, comida e protecção paternal a menores sem rumo que se disponham a realizar actos sexuais em frente a webcams. O realizador/argumentista Rubin vai ligando todos estes (e mais) aos poucos e experiências reais e virtuais chocam. A desconexão do título é súmula do afastamento das personagens, mas também apelo ao estado offline, como quem diz “não se prendam aos computadores, tomem consciência do que vos rodeia e apreciem as pessoas que estão convosco”. Pouco dado aos virtuosismos de outros mosaicos recentes, que na ânsia de replicarem o sucesso de Magnolia costumam resvalar para um fascínio conceptual que abafa a mais simples emoção (The Nines, The Air I Breathe, Crossing Over, The Informers, etc.), Disconnect consegue ser negro, provocador e funcional.

8/10

domingo, 12 de outubro de 2014

CURTAS: WTC Haikus (Jonas Mekas, 2010)


Constantemente referido como o padrinho do cinema avantgarde americano, Jonas Mekas tem uma história de vida preenchida. Nascido na Lituânia, esteve preso num campo de trabalho nazi, estudou filosofia depois da guerra e, já emigrante no outro lado do oceano Atlântico, começou a gravar o seu dia-a-dia com câmaras rudimentares, a descobrir o cinema experimental e a escrever sobre este. Amigo de Andy Warhol, Lou Reed, entre outros, e inserido num mundo de intelectuais pop em expansão, começa a produzir as suas curtas e a abrir caminho para uma nova geração de realizadores underground que desafiariam os limites da forma e do conteúdo dos filmes na altura. Hoje, a maioria dos seus trabalhos parecem revelar alguma nostalgia por esses tempos idos e são, com frequência, compostos por fragmentos de gravações antigas, dos quais WTC Haikus é, para mim, um dos mais interessantes. Residente nova-iorquino de longa data, a evocação de um grande símbolo da cidade, desaparecido de forma trágica nos ataques terroristas de 9/11, como o World Trade Center, por esta via, acompanhada apenas por um trecho de piano simples, é muito emotiva. Hoje com 91 anos, Mekas continua no activo.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Basket Case (Frank Henenlotter, 1982)

Basket Case destaca-se da miríade de filmes de terror com baixo orçamento que se multiplicaram durante os anos 1980 pela sua história. Sinceramente, casas assombradas como em The Amityville Horror e assassinos sem rosto ao estilo de Friday The 13th já todos vimos. Agora, um tipo bem-parecido e pacífico como Duane Bradley (Kevin Van Hentenryck) a transportar uma cesta de piquenique por uma Nova Iorque nocturna e decrépita que esconde uma aberração em forma de pedregulho com dentes que mais se assemelha a um Geodude carnívoro (desculpem a referência a Pokémon, não me contive) e que solta para matar uma série de médicos incompetentes que tiveram algo a ver com o seu passado, isso já não é assim tão comum.

E o que é, afinal, esta espécie de tumor tumefacto que, sabe-se lá como, sobrevive, aparenta ter força sobrenatural nos seus pequenos braços e mandíbulas e responde pelo nome de um demónio hebraico? O irmão siamês de Duane – obviamente! A explicação vem a meio do filme, regada a álcool, em jeito de piada, feita a uma prostituta, num bar bolorento (acho que já escrevi isto milhões de vezes, mas não há mesmo melhor cenário do que a Big Apple, seja para que género for) e um longo flashback sucede-se, como em Casablanca ou Sleepaway Camp, para mostrar um passado memorável. Separados apenas aos 12 anos, partilharam uma infância de reclusão e rancor familiar.

Atormentado por ter gerado semelhante aberração, o pai balanceia sentimentos de nojo e dever, difícil quando, ainda para mais, perdeu a esposa no parto e tenta perceber até que ponto uma operação, que deverá custar a vida a um dos filhos, não será uma traição à sua memória e ao que construíram juntos. Finalmente, três experimentalistas da medicina oferecem-se para realizar o procedimento, com o único objectivo de tornar Duane num rapaz normal. Contudo, Belial vive e desenvolve um grande apetite por hambúrgueres e vingança. Basket Case é, no fundo, a expiação de um trauma de infância, mas o que se lhe poderá seguir? Que vida existirá para os irmãos depois da sua sangrenta vendeta?

Van Hentenryck é o mau actor que faz o filme resultar. Como é habitual, o bizarro e o humor andam de mãos dadas e nada melhor do que alguém tentar trazer a melhor dicção e reacções tão variadas quanto possível a cada situação. A cena em que Duane e a recepcionista Sharon se conhecem é fabulosa – ela lança gritinhos histéricos ao saber que ele ainda não tinha visitado nada na cidade; ele está ali para matar o patrão dela. O amor acontece. Aliás, a montagem inicialmente distribuída levou mesmo grandes cortes no gore para realçar o amadorismo cómico, mas Basket Case merece ser visto em toda a sua glória, com sangue a espirrar por todo o lado.

7/10

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

TRAILERS: Il Gattopardo (Luchino Visconti, 1963)

Trailer montado de forma simples e eficaz, com música e citações de grandes figuras do cinema. Relembrando um clássico de uma opulência, grandiosidade e profundidade ímpares. Uma saga familiar que coloco no patamar mais elevado possível, ao lado de The Godfather, Yi Yi ou The Best Intentions.