quarta-feira, 21 de maio de 2014

POSTERS: Carros

O artista Jesús Prudencio tem esta colecção original de posters. Há mais, mas estes são os meus preferidos.










quinta-feira, 15 de maio de 2014

Gates Of Paris (René Clair, 1957)

Apesar de o realismo poético francês, predominante nos anos 30 e que tinha Marcel Carné, Jean Renoir ou René Clair como expoentes máximos, ter sido agressivamente criticado pela geração da Cahiers Du Cinéma e caído algo no esquecimento, não deixa de ser um género que evoca muita melancolia, por uma forma romântica de encarar e de fazer filmes que deixou de ser comum, pelo menos com o nível de inocência que só a infância de um meio permite. É verdade que muito daquilo que na altura parecia requintado e refrescante hoje pode resvalar para a pirosada e tradicionalismo, mas pegar em Children Of Paradise ou The Rules Of The Game é ainda descobrir obras de grande sentido estético e histórias de um fatalismo tão sagaz, mesmo na mais simples das histórias, que se torna contagiante.

O ambiente de Gates Of Paris torna-se rapidamente familiar, por ser o dos cafés, bailes e feiras, onde tentar beber um copo à borla é piada recorrente e o desemprego uma realidade, mas é perpassado por algo à revelia desse quotidiano. O filme começa por andar à volta de um alcoólico inveterado, o espirituoso Juju, e de um artista, adequadamente conhecido como l’artiste, que vivem pobretes mas alegretes, algures na cidade das luzes. Entra em cena um assassino procurado pela polícia, que os dois tentam, por nenhuma razão em particular excepto por simpatia e por força das circunstâncias, esconder numa cave, até a poeira assentar. No dia seguinte, num momento maravilhoso, crianças brincam na rua aos polícias e ladrões e parecem sincronizadas com as descrições dos crimes de Barbier, que são lidas no jornal dentro do bar local.

Timing cómico não falta a Clair, em grande parte graças ao mérito acrescido de extrair grandes interpretações de Pierre Brasseur (sempre à procura do melhor nas pessoas, amolece Barbier, mas também o apresenta à garçonete por quem tinha uma paixoneta algo platónica) e de Georges Brassens (um bardo circunspecto), que se complementam. Ver os dois actores trabalhar juntos é o melhor do filme, já que a liberdade narrativa conduz a alguns pontos mortos, às vezes compensados com um dos melhores e mais bem usados temas de sempre, Au Bois De Mon Coeur. Em 1957, Fellini esticava os limites do neorrealismo italiano com Nights Of Cabiria, mas não terão sido a atitude “rir para não chorar” e as personagens do povo que eram marca registada do realismo poético francês parte dessa renovação?

7/10

segunda-feira, 5 de maio de 2014

TRAILERS: Deep End (Jerzy Skolimowski, 1970)

Eu, no fundo, só quero relembrar que este filme é um dos melhores de sempre. A criatividade de Skolimowski não tem limites e em Deep End resulta num conto perfeito de transição para a maioridade, numa Londres soturna. Mike é um adolescente que começa a trabalhar numa piscina pública (há imensas na capital britânica, tradição antiga) e se apaixona por uma colega ruiva (Jane Archer, antiga namorada de Paul McCartney), alguns anos mais velha. Fora do horário de expediente, dedica-se a segui-la para todo o lado. Simples e maravilhoso.

domingo, 4 de maio de 2014

TOP5: Asfalto

As ruas e estradas ocupam um lugar especial no imaginário do cinema, tantas vezes assumindo um papel secundário, seja como cenário de uma determinada história ou pela sensação de liberdade e movimento que a simples menção ou memória das mesmas acarretam. Quantos filmes têm uma morada como título? Pickup On South Street, Wall Street, Broadway Danny Rose, etc. Quantos filmes não começam, acabam ou são dominados inteiramente por planos de rectas, curvas e contracurvas, que levam ao desconhecido? Ver Los Angeles de noite no início de Mulholland Drive, o monólogo final de Terminator 2, as longas horas ao volante em The Grapes Of Wrath, etc. Com tantos significados em tantos contextos diferentes, já fazia falta a devida homenagem ao asfalto. Aqui está um Top5 de filmes com essa palavra no nome.

05. O Beijo No Asfalto (Bruno Barreto, 1981)
Longe de ser o melhor do realizador brasileiro, mais conhecido por Dona Flor E Seus Dois Maridos ou Gabriela, Cravo E Canela, é curioso como se tornou algo obsoleto, por já não haver a mesma legislação nem preconceito relativamente à homossexualidade, em apenas trinta e poucos anos. As interpretações são apressadas e o filme não consegue deixar as amarras do teatro, donde tem origem. Fica na cabeça que o povo é, sempre foi e sempre será fácil de manipular, controlando-se os canais de informação.

04. Asphalt (Harald Röbbeling, 1951)
Constituído por vários episódios sem relação e intercalados por discursos pedagógicos exacerbados, este Asphalt tem, inevitavelmente, picos de interesse. O meu preferido é o da rapariga de classe média que engravida numas férias na neve. Grande trabalho de iluminação em cenários muito díspares.

03. Asphalt (Joe May, 1929)
Proto-noir sobre um polícia-sinaleiro que se encarrega de resolver um roubo numa joelharia nas imediações do cruzamento onde trabalha, levando uma ladra à esquadra. Fazendo uso do seu charme feminino, ela consegue ludibriar o jovem agente a segui-la a casa antes, para apanhar os seus documentos, procedendo assim a seduzi-lo com sucesso. A linha entre bom e mau, os meandros da justiça, são tornados cinzentos com estas pequenas reviravoltas. Alguns planos memoráveis, como imagens de Berlim do ar e grandes travellings nas ruas nocturnas da capital.

02. Wet Asphalt (Frank Wisbar, 1958)
Outro filme sobre jornalismo manipulador. Horst Buchhholz e Martin Held têm uma classe aparte e o argumento explora com eloquência e paciência a falta de escrúpulos de um repórter famoso que conta uma mentira e faz chantagem emocional sobre o seu aprendiz mais novo para se proteger. Uma espécie de Sweet Smell Of Success numa Berlim em reconstrução.

01. The Asphalt Jungle (John Huston, 1950)
O que é o film-noir? Não é preciso ir mais longe do que os primeiros filmes de John Huston, especialmente The Maltese Falcon e The Asphalt Jungle. Está aqui tudo: a noite traiçoeira, os covis decadentes de criminosos, ricalhaços sem morais, femme fatales (Marilyn Monroe radiante), enfim, o cinema preto-e-branco foi inventado para isto.