domingo, 24 de março de 2013

Take This Waltz (Sarah Polley, 2011)


A certa altura Lou (Seth Rogen) diz à esposa Margot (Michelle Williams) “I thought you were gonna be there when I died” e imediatamente somos assaltados pela memória de Away From Her, um filme de grande maturidade sobre um conflito amoroso com a doença de Alzheimer como pano de fundo, no qual fica a certeza de que estamos a privar com um casal que, em condições normais, nunca incorreria em traições. O mesmo não se pode dizer em Take This Waltz.

Casados há cinco anos, as personagens principais são apresentadas como duas crianças emancipadas que passam demasiado tempo juntos e que se esforçam muito para agradar um ao outro sem nunca discutirem, tal e qual uma relação de escola secundária, o que pode ter efeitos adversos, especialmente quando a maturidade do cônjuge é ténue ao ponto de fingir que tem um problema motor crónico para ser arrastada em cadeira de rodas num aeroporto lhe parecer cómico.

Desde muito cedo, Polley clarifica a receptividade de Margot para ter um caso extraconjugal, ainda que seja mais fácil falar que fazer, por isso até tomar uma decisão esta afasta e aproxima Daniel consoante a lua. É curioso como o filme soletra que é um desperdício desistir da estabilidade de um casamento com alguém que nos ama, respeita e não deixa de tornar o dia-a-dia minimamente interessante, mesmo quando já há tanta familiaridade, por fantasias irrealizadas, só para nada disso importar no fim.

Com o amante a cama é o centro da casa, até a paixão arrefecer e ser notório que a ligação tem os dias contados; até partilhar a casa de banho é desconfortável. Admiro a naturalidade com que a nudez é tratada em vários momentos da intimidade e Polley consegue aproximar-nos das personagens, quanto mais não seja por rejeitar desenvolver outro subenredo. Reduzindo Take This Waltz ao básico, é a história unidimensional de uma mente-capta que aos poucos ganha coragem para experimentar dupla penetração.

4/10

1 comentário:

  1. Gostei muito mais do que levas a descrever o que achaste deste filme. Para mim, é um grandioso anti-romance e bastante bem trabalhado nesse sentido. 9/10

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